A morte pasmada...


"Nos tempos em que acontecia o que está acontecendo agora
e os homens pasmavam de isso ainda acontecer no tempo deles,
parecia-lhes a vida podre e reles
e suspiravam por viver agora.

A suspirar e a protestar morreram.
E agora, quando se abrem as covas,
encontram-se às vezes os dentes com que rangeram,
tão brancos como se as dentaduras fossem novas."


"Poema da Morte Aparente", de António Gededão, in "Linhas de Força"

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