Fruição


Da janela do céu abre-se

um solo que nunca viu o arado

uma oliveira que nunca sentiu 

a fruição do fruto


Aquelas nuvens 

com olhos de azeitona

Porque me miram assim?


Ainda é cedo para saber

A noite está madura 

traz um diospiro nas mãos


 

V. Solteiro


Escuro


Abre os olhos, escuro!


Vê quanta claridade se esconde no maduro

núcleo da onda. Íntegro, queimas o sal em cada

inalação da matéria.


Sabes, o crânio é um frágil vaso de madrugada

que se sustém no parapeito das intempéries.

Inclina-o e mergulha-o no coral do recomeço. 


A sede pelo fruto ganhará assim um outro apreço.


V. Solteiro

Vago

Oleg Belikov

 

desenho na veia a vaga
para que me tragas 
para que me tragues
de volta por inteiro
ao ponto de partida

V. Solteiro