Tecelã das velas do lírico
canto
a escrevedeira
sulca
na sua rejubilante melopeia
um coral de liras
O seu fino e pontiagudo bico
flautim revolteando o vazio
vibra no ar
as cordas da fuga
Doce como o néctar
das maduras amoras
a frutuosa harpa que tanje
esculpe no xisto
um umbral
de deslumbramento
Prelúdio de novas partituras
o brilho do seu trinado
ensombra as grades
que agrilhoam
o peito dos homens
Poema de V. Solteiro
Fotografia de M. Furtado