Furor marítimo...
Ao golpe da onda contra a pedra insubmissa
a claridade explode e instaura a sua rosa
e o círculo do mar reduz-se a um cacho,
a uma só gota de sal azul que tomba.
Oh radiante magnólia solta na espuma
magnética viajante cuja morte floresce
e eternamente volta a ser e a não ser nada:
sal desfeito, deslumbrante agitação marinha.
Juntos, tu e eu, meu amor, selamos o silêncio,
enquanto o mar destrói suas permanentes estátuas
e derruba as suas torres de furor e brancura,
porque na trama destes tecidos invisíveis
da água desenfreada, da incessante areia,
nós mantemos a única e perseguida ternura."
"Soneto IX", de Pablo Neruda, in "Cem Sonetos de Amor", edição Campo das Letras, Maio de 2004, tradução de Albano Martins
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