A casa...
Papoila
tinge a seara
de cores
rubras
e maduras
V. Solteiro, 29.11.07
Este poemeto floriu a partir da visualização do post do blog de Mïr - http://aluzdovoo.blogspot.com/
- intitulado "Arte em Imagem (VIII)".
Fotografia retirada daqui: http://alfarrabio.di.uminho.pt/
O cheiro das dálias...
Artífices
do magma
da noite
escavamos
os túneis
do efémero
com a ânsia
do usurpador
Argila
debruada
de bruma
e alento
cavamos
as galerias
da sombra
com a argúcia
do especulador
Fugaz
relâmpago
exploramos
o ventre
da esfera
olvidando
aquilo
que nos une
- o cheiro
das dálias
V. Solteiro, 28.11.07
O clamor das águas...
À espera do que acontece...
O presente é uma força do futuro...
Isabel Stilwell, jornalista e escritora
Pelo sonho é que vamos...
O mar do inconsciente... (onda II)
Pensamento de Mïr - http://aluzdovoo.blogspot.com - ao post "O mar do inconsciente"
"Series of 'A Sea Storm' - Colors Made by the Sea", fotografia de Aquinaldo Calheiros Vera-Cruz, in http://www.photoforum.ru/
Líquida menina
A água caminha!
A água fala!
A água ri!
A água chora!
A água
é uma dançarina
esquiva:
ninguém sabe
onde mora!
Rio
lago
mar
ou charco:
toda a gota
tem a sua
identidade!
Uma coisa
a água jamais
fará:parar.
Mesmo presa
e amordaçada
em fundas
barragens
a água não
estanca
as suas
margens:
"O meu destino
é borbulhar
por fragas
e penedos
até desembocar
na boca do mar!
O meu desatino
é evaporar-me
nas ondas do ar
A água
que brota
do granito
é sábia
"Líquida Menina" brotou do granito da serra depois de ver e ouvir o post de Hanah dedicado à água- http://www.alfazenite.blogspot.com/ - com música de Devendra Banhart
Bebo o reflexo da lua...
O mar do inconsciente...
"Qualquer psicólogo o sabe. Fracassamos ou triunfamos, ficamos pelo caminho ou vamos longe, às vezes por um pequeno nada, perdido no mar do inconsciente."
António Quadros, escritor
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_quadros
"Black Blue Sea", fotografia de big, in http://www.photoforum.ru/
O instante transborda eternidades...
O afecto é uma flor que urge proteger...
"Viver é um treino e uma aprendizagem...É um exercício de meter no possível os nossos sonhos, os nossos desejos e as nossas ambições mas sem abdicar deles. O que é possível, sempre, é o afecto que damos aos outros."
António Alçada Baptista, escritor, in "O Riso de Deus"
Fotografia de Judith Tomaz, sem título, disponível em http://www.photoforum.ru/
Os sonhadores são perigosos!
Fotografia de Graça Loureiro, intitulada "Dream [a Little Dream] of Me", visualizável aqui: http://www.photoforum.ru/
São os sonhos que seguram o mundo...
"São os sonhos que seguram o mundo na sua órbita. Mas são também os sonhos que lhe fazem uma coroa de luas, por isso o céu é o resplendor que há dentro da cabeça dos homens, se não é a cabeça dos homens o próprio e o único céu."
José Saramago
"Dream", fotografia de m09kari, in http://www.photobucket.com/
Falésia de luz...
Escrever é sub-verter os dias...
Fernando Dacosta, jornalista e escritor
A descoberta de um novo mundo...
Tracy Chapman, cantora e compositora
A voz do Outono ...
"Tinha-te a ti/tinha-te a ti/ e tinha Paz". Foi assim que J. P. Simões, com uma voz lânguida e melancólica, a arrastar-se num palco carregado de fumo e sombras, iniciou aquela que é uma das mais belas e ternurentas músicas que jamais ouvi. "Micamo", assim se chama a "oração", é uma composição que o jovem autor e compositor nascido em Coimbra teceu a pensar na avó...
Irradiando uma ternura e uma suavidade que só a seda pura pode transmitir, aquelas doces e tristes palavras, acompanhadas pelo dedilhar preciso e delicado de Miguel Nogueira na viola acústica, tiveram o condão de inundar-me de uma serenidade que julgara impossível num dia que foi um fósforo...
Baseando a sua actuação nas faixas do seu primeiro álbum a solo, intitulado "1970" (boa colheita, sem dúvida!), J.P. Simões, um dos mentores de projectos musicais como os Belle Chase Hotel e Quinteto Tati, não deixou também de trilhar outros caminhos e sons - ou não fosse ele um viandante incorrigível! Deambulou por temas da "Ópera do Falhado" (cujo libreto escreveu, partilhando a invenção musical com Sérgio Costa), fez uma incursão breve mas significativa pelo samba e bossa nova (Cartola, Tom Jobim e Chico Buarque) e ainda teve arte e engenho para degustar prazenteiramente - e com comentários irónicos - um dos temas mais emblemáticos da música dita de intervenção ("Inquietação", de José Mário Branco).
Dito em resumo, que a emoção não é boa conselheira: quer pela riqueza, e profundidade da sua escrita, quer pelo cuidado e rigor colocado na produção, composição e arranjos musicais, quer pela simplicidade, honestidade e humor da sua postura perante o público, J.P. Simões revelou sábado transacto, no pequeno auditório do Cine-Teatro de Estarreja, que "1970" é néctar a ter em conta em futuras degustações e que a sua viagem pela terra acre dos sentimentos só se refaz com uma música assim: repleta de significado e de significância. Em cada corda. Em cada acorde. Numa incessante procura...
Um concerto que ficará gravado na minha memória...como um bom vinho!
Mais informação sobre o cantor/compositor: http://www.jpsimoes.com/
V. Solteiro, 13.11.07
Os amantes-navegantes...
Enquanto...
Ó glória de mandar!
uma história maldita
por entre vários favores]
e os esforços da Dita!
está aberto o processo!]
decorre agora a audiência!]
é o governo confesso
na Tribo da paciência.
e sentam-se todos à mesa]
tossem todos com gripe]
e a malta sempre mais tesa
serve em s. bento de vip.
saltam então os foguetes
e os martelos no chão!...
e o governo com banquetes
dá-nos a extrema-unção!...
voltámos à renascença.
são os sumos-sacerdotes.
e os generais de nascença
caiem todos dos escadotes!
ó glória de mandar
que esta vaidade atiça!
vão as rádios fechar
por uma santa justiça!...
e lá vem a Nau-Catrineta
que tem muito que contar...
a malta toda sem cheta
e a Outra sempre a roubar...
eh que manada d' archotes
que leva a malta nos cornos
com os sumo-sacerdotes
a recheá-los com pornos!...
mas...no frenesim dos saiotes
com suas damas felinas
caiem todos dos escadotes
deitam na cama as meninas...
e os rechonchudos com asas
assam perús nos salões
deixam vazias as casas
deixam fugir os ladrões!...
ó glória de mandar
que esta vaidade atiça!...
vão as ditas fechar
por uma santa-justiça?!"
"Na tribo da paciência", poema de Maria Azenha, in "PIM - Poemas de Intervenção e Manicómio", Universitária Editora, 2000
Não ouve, não fala, não participa...
é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguer, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.
Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado
e o pior de todos os bandidos:
o político vigarista,
pelintra, corrupto e lacaio
das empresas nacionais e multinacionais."
"O analfabeto político", poema de Bertold Brecht
(poema gentilmente enviado por Maat)
Este é o tempo!
das hienas
tra-vestidas
de açucenas!
Este é o tempo
de garras
desfiadas
à descarada!
Este é o tempo
de dourados
madrigais
- luzidios
como espadas!
Este é o tempo!
Este é o tempo
de ascetas
de finíssima
flor!
Este é o tempo
de profetas
de financeiríssimo
louvor!
Este é o tempo!
Este é o tempo
de homens
decisivos
e incisivos!
Este é o tempo
de homens
que exibem
os dentes
do siso!
Este é o tempo!
Este é o tempo
em que a usura
e a cicuta
campeiam!
Este é o tempo
em que a Humanidade
é colocada
de permeio!
Este é o tempo!
Este é o tempo
da malta super
hiper ultra
capacitada!
Este é o tempo
em que os marqueses
pululam
defronte da fachada!
Este é o tempo!
Este é o tempo
da dignidade
truncada!
V. Solteiro, 06.11.07
O que se joga em Pequim 2008...
A Sétima Porta
Mais informação em:
http://www.zimler.com/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Richard_zimler
Contacto:
Entrelinhas Livraria
R. João de Deus, 167
3700-152 S. João da Madeira
www.entrelinhas-livraria.com
Fotografia de Richard Zimler recebida na newsletter da Entrelinhas Livraria
Erguer a claridade...
A ferida do amor
Os rostos da Humanidade...
Fernando Savater, escritor e filósofo
http://es.wikipedia.org/wiki/Fernando_Savater
Fotografia retirada daqui: http://www.ambienteemfoco.com.br/
As Horas
aqui
seixo
côncavo
arrastado
pela torrente
dos rios
órfãos
Eis-me
aqui
granito
pontilhado
no palácio
dos sem-
abrigo
Eis-me
aqui
esteio
de videira
sem fruto
nem enxó
Eis-me
aqui
fíbula
pontiaguada
lascada
com suor
cru
Eis-me
aqui
coluna
invertebrada
do edifício
estelar
Eis-me
aqui
fragmento
subtil
de múltiplas
formas
e conteúdos
Eis-me
aqui
papiro
enrugado
pelas dobras
do tempo
Relógio
de ponteiros
ainda
fumegantes
V. Solteiro, 01.11.07