Henri Troyat, escritor e historiador francês
A fonte da (in)quietação
Henri Troyat, escritor e historiador francês
Respirar o silêncio...
Há uma Palavra-Pessoa...
Todas as formas de amor...
Urbano Tavares Rodrigues, escritor
O eco dos búzios...
Um pequeno nada que é tudo...
"Pode-se facilmente julgar o carácter de um homem pela maneira como trata os que nada podem fazer por ele."
Mark Twain, escritor norte-americano
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mark_twain
Há imagens que respiram... (I)
A voz da maresia...
Já passaram muitos anos desde que o descobri. Tudo aconteceu de forma casual, no jornal "Blitz". Ao desfolhar uma das páginas, deparei com uma foto sua, onde aparece, cabisbaixo, fumando um cigarro, todo ele vestido de negro, passeando por aquilo de parece ser uma praia (ou será um deserto?). O que mais me impressionou foi o ar triste e desolado.
Já passaram muitos anos desde esse encontro e, ainda hoje, quando revisito as suas músicas, melancólicas e lânguidas, é como se Nick Drake estivesse aqui a meu lado, longo casaco negro vogando ao vento, cantando como quem dialoga com as marés da alma...
No escuro...
no incan
descente
escuro
as rugas
das nuvens
Um ínfimo
feixe
de luz
Um íntimo
espaço
que seduz
Ângulo
Tecitura
Fibra
Conjectura
A noite
é um corpo
que perdura
no labirinto
da saudade
É na linha
contínua
das suas
formas
que traço
a diagonal
dos ombros
É nos fios
que sustêm
as estrelas
que acendo
o rastilho
dos dedos
V. Solteiro, 26.10.07
"Dancing in the dark", fotografia de Zeca, in http://www.photoforum.ru/
Mulher cetim, mulher firmeza...
"Onde uma tem
O cetim
A outra tem a rudeza
Onde uma tem
A cantiga
A outra tem a firmeza
Tomba o cabelo
Nos ombros
O suor pela
Barriga
Onde uma tem
A riqueza
A outra tem
A fadiga
Tapa a nudez
Com as mãos
Procura o pão
Na gaveta
Onde uma tem
O vestígio
Tem a outra
A pele seca
Enquanto desliza
O fato
Pega a outra na
Enxada
Enquanto dorme
Na cama
A outra arranja-lhe
A casa"
"Pequena Cantiga à Mulher", poema de Maria Teresa Horta
"Body and hands", fotografia de Evgeny Brook, in http://www.photoforum.ru/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_teresa_horta
O espelho das palavras
Juan Vives, filósofo espanhol
"Mirror", fotografia de Taras, in http://www.photoforum.ru/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Juan_Lu%C3%ADs_Vives
Anatomia da natureza...
laço-me
em coisas
fúteis
e in
significantes
No tronco
de um castanheiro
de uma amendoeira
de um cipreste
Não é essencial
que tenham
um porte
altivo
ou monumental
Importa é que
despontem
das entranhas
da Terra
En
laço-me
em particular
pelas
margens
que o tempo
renegou
Pelos cristais da neve
Pelo voo da águia
Pelo som da água
Pelo fragor do bosque
É assim
entrelaçado
com o efémero
e enlaçado
com o infinito
que me procuro
e me descubro
E me fito
(nas vidraças
embaciadas
pela aragem
do rio)
V. Solteiro, 24.10.07
Levanta-se da rocha a flor esmagada...
A programação segue dentro de momentos...
Dar vida à arte...dar arte à vida...
Ouvi dizer...
pois eu não tive a noção do seu fim
pelo que eu já tentei eu não vou vê-lo em mim
se eu não tive a noção de ver nascer um homem
e ao que eu vejo
tudo foi para ti
uma estúpida canção que só eu ouvi
e eu fiquei com tanto para dar
e agora
não vais achar nada bem
que eu pague a conta em raiva
e pudesse eu pagar de outra forma
ouvi dizer que o mundo acaba amanhã
e eu tinha tantos planos para depois
fui eu quem virou as páginas
na pressa de chegar até nós
sem tirar das palavras seu cruel sentido
sobre a razão estar cega
resta-me apenas uma razão
um dia vais ser tu
e um homem como tu
como eu não fui
um dia vou-te ouvir dizer
e pudesse eu pagar de outra forma
sei que um dia vais dizer
e pudesse eu pagar de outra forma
a cidade está deserta
e alguém escreveu o teu nome em toda a parte
nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas
em todo o lado essa palavra
repetida ao expoente da loucura
ora amarga, ora doce
para nos lembrar que o amor é uma doença
quando nele julgamos ver a nossa cura"
"Ouvi dizer...", letra de Manuel Cruz, músico dos extintos Ornatos Violeta; a interpretação conta com a participação de Vítor Espadinha; inserta no álbum "O monstro precisa de amigos".
"Signs of Love", fotografia de Nikola Proynov, in http://www.photoforum.ru/
O défice do Ser!
Fontes sob
anoni
mato
confirmam
o que se temia:
O orçamento
é um ornamento
que esconde
a pobreza
do dia-a-dia!
O orçamento
é um tempo
que omite
a voz rasurada
da maioria!
A colecção
Outono-Inverno
de dois mil e sete
in all Portugal
apresenta
a seguinte ementa:
Desigualdades!
Pobreza!
Desequilíbrios!
Desemprego!
Precariedade!
Instabilidade!
O ritual dos
sacrifícios
não tem idade!
Seu fim
primeiro
é ocultar
a verdade
sob o manto
diáfano
da estabilidade.
Feitas bem
as contas
os números
enganam
o mais
precavido!
Feitas bem
as contas
os números
esganam
os sempre
preteridos!
O orçamento
geral
está
em particular
estado
de sítio!
Sentados
no lugar errado
dos bólides
de alta cilidranda
os orçamentistas
vivem
alheados
do que é
essencial:
A parcela da Humanidade!
A parcela de Humanidade!
Os en
cargos
dos Ministérios
são um autêntico
mistério!
A defesa -
área vital
para que corra
o sangue
da nação -
leva no estômago farto
uma fatia de leão!
A saúde
A educação
O ambiente
A cultura
- são um mero
apêndice de latão!
O diabo
dos números
escondem
o inverno
da injustiça:
dois milhões
de pobres;
meio milhão
de desempregados;
o fosso mais profundo
entre ricos e pobres.
Os défices
definham-nos!
Postos na
microscópica lente
do deve e do haver
os abusos são
a certidão de óbito
do Ser!
V. Solteiro, 19.10.07
O país das sombras...
Lutar contra a resignação...
Os lugares habitam (n)o Homem...
A cultura re-vive a-trás-dos-Montes...
A Associação ALDEIA tem programadas uma série de acções e iniciativas de cariz social, cultural e ambiental que vale a pena conhecer e, se possível, por dentro. Eis a prova de que no interior, longe dos centros de decisão, também se promove o desenvolvimento equilibrado e sustentável. Sem empreendimentos imobiliários, campos de golfe ou barragens...
Curso: Introdução à Identificação e Conservação de Cogumelos Silvestres,
4ª Edição, Podence, Macedo de Cavaleiros. 17 e 18 de Novembro de 2007
Toda a informação em http://www.aldeia.org/portal/PT/5/EID/76/DETID/2/default.aspx
Workshop Prático de Recuperação de Animais Silvestres, 4ª edição, 30 de Novembro a 2 de Dezembro de 2007, Gouveia/Seia, Parque Natural da Serra da Estrela
Toda a informação em http://www.aldeia.org/portal/PT/5/EID/75/DETID/1/default.aspx
Anamnesis - Encontro de Cinema, Som e Tradição Oral, Vimioso, de 1 a 4 de Novembro
Toda a informação em http://associartecine.blogspot.com/
1º Congresso Internacional da Gaita de Foles Mirandesa Vimioso e Miranda do Douro, 1 a 4 de Novembro de 2007
Ver programa aqui
Contactos:
ALDEIA - Acção, Liberdade, Desenvolvimento, Educação, Investigação e Ambiente
Apartado 29 5230-314 Vimioso
Tel: 919457984 / 966151131
Correio electrónico: aldeiamail@gmail.com http://www.aldeia.org
A soma dos catetos é igual à dos afectos...
Entrar, ver e sair...
Pitágoras, filósofo e matemático grego
A vida não se explica...
Raúl Brandão, escritor, in "Memórias - Volume I"
A gradação da sabedoria...
Augusto Abelaira, escritor e jornalista
A voz desagua como um rio...
O sabor da terra...
Francisco José Viegas, escritor e jornalista
Fotografia de Raúl Coelho, intitulada "Puro e simples agricultor Transmontano na sua lide...", in www.olhares.com
A carícia dos frutos....
Há palavras acesas como barcos...
"Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício
Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição
Entre nós e as palavras, surdamente,
as mãos e as paredes de Elsenor
E há palavras nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar]
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmo só amor só solidão desfeita
Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar
"You are welcome to Elsinore", poema de Mário Cesariny
Fotografia de Nastya Savelievskih, intitulada "Words through the glass": http://www.photoforum.ru/
A noite...
"A noite veio de dentro, começou a surgir do interior]
de cada um dos objectos e a envolvê-los no seu halo negro.]
Não tardou que as trevas irradiassem das nossas próprias
entranhas, quase que assobiavam ao cruzar-nos os poros.]
Seriam umas duas ou três da tarde e nós sentíamo-las]
crescendo a toda a nossa volta. Qualquer que fosse a pers-]
pectiva, as trevas bifurcavam-na: daí a sensação de que,]
apesar de a noite também se desprender das coisas, havia]
nela algo de essencialmente humano, visceral. Como ins-]
tantes exteriores que procurassem integrar-se na trama]
do tempo, sucediam-se os relâmpagos: era a luz da tarde,
num estertor, a emergir intermitentemente à superfície das]
coisas. Foi nessa altura que a visão se começou a fazer]
pelas raízes. As imagens eram sugadas a partir do que]
dentro de cada objecto ainda não se indiferenciara da luz]
e, após complicadíssimos processos, imprimiam-se nos]
olhos. Unidos aos relâmpagos, rompíamos então a custo]
a treva nasalada."
Fotografia de Refrite, denominada "Night", in http://www.photobucket.com/
http://pt.wikipedia.org/wiki/LuÃs_miguel_nava
Na terra dos sentimentos...
No silêncio das águas...
A felicidade é um dever...
Manual de espeleologia
Pesadas
fundas
cavernosas
as horas
afundam-se
nas rugas
da página
até a
esferográfica
adormecer
de cansaço
Crio
Desfaço
Reinicio
Desfaleço
Tudo me soa baço
- até o recomeço
Espeleólogo
de vocábulos
sondo
o ar e o espaço
até vislumbrar
a claridade
Emaranhado
no novelo
desfio-me
desafio-me
Como
desatar
este laço?
V. Solteiro, 09.10.07