Alguém a quem tocar...


"Estava contente. Tinha um encontro para aquela noite. Alguém a quem tocar, ver, falar. Esquecer a morte, pão de cada dia. (...)

Havia muitos meses que não abraçava um corpo morno, um corpo macio, alguém que fizesse perguntas, alguém que respondesse às minhas. Era tempo a mais sem dar nem receber um pouco de ternura. O tempo justo para uma pessoa se transformar num animal no meio da guerra."


Excerto de "Encontro de amor num país em guerra", de Luís Sepúlveda, Edições Asa, 2002
Fotografia de Vertal, intitulada "Meeting", disponível aqui: http://www.photoforum.ru

2 comentários:

Dalaila disse...

Eu Gosto Muito de Luís Sepúlveda, até porque temos algo em comum...

E com este excerto puseste-me na pele de quem falava... "alguém que respondesse às minhas"

Quantos em guerra não pensaram num encontro que não fosse de armas... que não fosse o barulho dos tiros...que não fosse da queda dos abatidos...

Que fosse de transformar o animal guerreiro de sangue, no do desejo.

:)Lindo... Bom fim de semana

lupuscanissignatus disse...

Olá Dalaila!

Obrigado pelo comentário. Foste ao cerne. À raiz do post.

A guerra é o território de todas as bestialidades, de todas as chacinas e de todas as desumanidades.

Os animais fazem-na por pura necessidade de sobrevivência. Nós fazemo-la por pura demência...

Um ótpimo fim de semana.