"É varina, usa chinela,
tem movimentos de gata.
Na canastra, a caravela;
no coração, a fragata.
Em vez de corvos, no xaile
gaivotas vêm pousar.
Quando o vento a leva ao baile,
baila no baile coo mar.
É de conchas o vestido;
tem algas na cabeleira;
e nas veias o latido
do motor de uma traineira.
Vende sonho e maresia,
tempestades apregoa.
Seu nome próprio, Maria.
Seu apelido, Lisboa."
"Maria Lisboa", poema de David Mourão-Ferreira, Lisboa, 1927-1996
Pintura de Eduardo Alarcão intitulada "Maria Lisboa":
3 comentários:
E assim de chinelo e saia redonda se baila e se chama lisboa....
Esta lisboa sim, me encanta no calor do dia ou no sonho da noite.
Que nunca se esqueça esta Lisboa, porque as conhas foram substituidas por diamantes.
Olá Dalaila!
Confesso que não gosto de Lisboa, pelo menos, da sua face de metrópole e urbe desenfreada...
A Lisboa que me apraz é a da história, da cultura e, claro, do Tejo - visto de todos os prismas...
Concordo completamente!
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