Quando os teus pequeninos olhos de berlinde reflectem o poente já cansado pelos dias de estio e os primeiros sinais do outono se revelam pela fresta do pensamento, assalta-me um desejo irreprimível de ser vento e chuva, névoa e bruma, e beijar os teus ombros, a tua face e o teu pescoço como se a pele que te protege das agruras do mundo fosse a casca de um carvalho à espera de ser despida pelo desejo...
4 comentários:
Se deste outono uma folha,
apenas uma, se desprendesse
da sua cabeleira ruiva,
sonolenta,
e sobre ela a mão
com o azul do ar escrevesse
um nome, somente um nome,
seria o mais aéreo
de quantos tem a terra,
a terra quente e tão avara
de alegria.
Eugénio de Andrade
Bonito texto "pele que te protege das agruras do mundo fosse a casca de um carvalho à espera de ser despida pelo desejo"
Despir a pele... pelo desejo, pelo beijo, pelo vento, é um despir-se por dentro...
Que belo pedaço de Outono nos ofertaste...
Este Eugénio era um génio!
Obrigado.
"Quando os teus (...) olhos reflectem o poente já cansado pelos dias de estio e os primeiros sinais do outono se revelam pela fresta do pensamento..."
Bonito.
Obrigado, Mir.
Boa semana.
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