"Levanta a fronte, levanta!
Que toda a gente saiba de quem é.
Não faças dela a cinza duma chama
nem planta nua dum pé
abrindo covas na lama.
Levanta a fronte, levanta!
Não faças dela um espelho a descoberto
onde o quebrado corpo se despoja,
nem chão intérmino e deserto
em que a dor se roja.
Levanta a fronte, levanta!
Para quê essas sombras que te inundam,
sombras roxas e lôbregas de becos?
Para quê essas rugas que se afundam
como leitos de rios secos?
Levanta a fronte, levanta!
Foi a cela que te anoiteceu
com charcos de medo e gelo?
Quem trouxe um sonho como o teu,
jamais deve perdê-lo.
Levanta a fronte, levanta!
Quem ergue a fronte, levanta a voz,
levanta o sonho num facho a arder:
Ele é maior que tu e todos nós
- um mundo por nascer."
"Coluna", poema de Luís Veiga Leitão, Moimenta da Beira, 1915-1987
http://www.apagina.pt/arquivo/Artigo.asp?ID=2484
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