De Santa Bárbara
vê-se o sol
vê-se o sol
a escorregar
pelo fio
pelo fio
do horizonte
e cair
qual gota
e cair
qual gota
de orvalho
nas margens
nas margens
do silêncio
É um silêncio
É um silêncio
raro e perfeito
povoado
de vazio
de vazio
e de luz
aquele
que se sente
aqui
aqui
no cume
da serra
Fugidias
Fugidias
sombras
correm
pelas giestas
pelas giestas
e carrascos
como cães
como cães
esfaimados
em busca
em busca
de uma furtiva
perdiz
Quando as cores
Quando as cores
do poente
se derramam
se derramam
pelo leito
refulgente
do Douro
o rio de xisto
que veste
o rio de xisto
que veste
as terras de
tons ocres
embebeda-me
os sentidos
embebeda-me
os sentidos
e inebria-me
de prazer
É com essa paleta
e nessas águas
subterrâneas
que crio novas simetrias
V. Solteiro, Mós do Douro, 2004
Imagem retirada daqui: http://fozcoajer.planetaclix.pt/fotos_pano.htm
2 comentários:
gosto particularmente "o sol
a escorregar
pelo fio
do horizonte
e cair
qual gota
de orvalho
nas margens
do silêncio"...
Gosto.
A paisagem é sublime...
»»»maat
Maat:
Trás-os-Montes e o Alto Douro são dignos de serem visitados e revisitados. Sem pressas nem cronómetros...
É uma geografia de idílios. E de muitas memórias.
De afectos ancestrais e intemporais...
Pena que a pena (a do aprendiz) não condiga com todo o manancial de beleza que por ali existe :)
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