A nossa caminhada...


"Já não há mordaças, nem ameaças, nem algemas
que possam perturbar a nossa caminhada,
em que os poetas são os próprios versos dos poemas
e onde cada poema é uma bandeira desfraldada.

Ninguém fala em parar ou regressar.
Ninguém teme as mordaças ou algemas.
- O braço que bater há-de cansar
e os poetas são os próprios versos dos poemas.

Versos brandos...Ninguém nos peça agora.
Eu já não me pertenço: Sou da hora.
E não há mordaças, nem ameaças, nem algemas

que possam perturbar a nossa caminhada,
onde cada poema é uma bandeira desfraldada
e os poetas são os próprios versos dos poemas."


"Soneto Imperfeito da Caminhada Perfeita", poema de Sidónio Muralha, Lisboa. 1920-1982

5 comentários:

Maria Azenha disse...

identificação total...Belo e real!
Merci.

***maat

Dalaila disse...

É seguir a caminhada, sem olhar para trás, sem nos determos, sem vacilarmos, sem receios, medos, sem mordaças nem ameaças, é irmos pelo nosso caminho, sempre com a sensação que é a hora do caminho, e que por muitos tombos, ou quedas, era o caminho..
Era o caminho
da escrita,
de viver,
de sorrir,
da hora,
da palavra,
era o caminho, esse nosso caminho.

:)

lupuscanissignatus disse...

Olá Maat!

Neste poema, Sidónio derruba, pedra a pedra, todas as muralhas que sistematicamente se erguem na nossa caminhada...

lupuscanissignatus disse...

Olá Dalaila!

Obrigado pela tua reflexão sobre o post. Gostei.

A este propósito, o poeta António Machado dizia:

" (...) Caminhante, são tuas pegadas
o caminho e nada mais;
caminhante, não há caminho,
se faz caminho ao andar (...)."

Dalaila disse...

Ainda bem que caminhei até aqui...