Pertencemos a tudo e a todos...


"(...) A noção e a consciência plena da irrelevância individual, da minha própria irrelevância, do facto de tudo aquilo que eu escrevo acabar por ser esquecido, mais tarde ou mais cedo (e de eu próprio ser esquecido, dado tudo tender para o esquecimento, mesmo as memórias, aquilo de que hoje me lembro e de que todos nos lembramos), o facto de a própria eternidade caminhar a passos largos no sentido do esquecimento, tudo isso me dá uma enorme tranquilidade e uma enorme serenidade. (...) Por mais que nós esbracejemos, estamos a diluir-nos em tudo e pertencemos a tudo e o resto é qualquer coisa de completamente irrelevante."

Manuel António Pina, poeta, escritor e jornalista, em entrevista á revista "Ler", nº 68, 2006

3 comentários:

Dalaila disse...

... mas que as pégadas não passem de sonhos nas memórias....que haja fusões para prolongar o esquecimento.
Só o que passa a esquecido pode ser alegremente lembrado!

lupuscanissignatus disse...

Se esta consciência da nossa irrelevância fosse constante, com certeza que o dia-a-dia seria vivido com menos egoísmo, sobranceria e arrogância para com os outros.

Na verdade, todos nós não passamos de um grãozinho de areia. Ainda que alguns de nós se julguem Deus na Terra!

lupuscanissignatus disse...
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