O rasto do desejo...



"Sou o único homem a bordo do meu barco.
Os outros são monstros que não falam,
Tigres e ursos que amarrei aos remos,
E o meu desprezo reina sobre o mar.

Gosto de uivar no vento com os mastros,
E de me abrir com a brisa nas velas,
E há momentos que são quase esquecimento
Numa doçura imensa de regresso.

A minha pátria é onde o vento passa,
A minha amada é onde os roseirais dão flor,
O meu desejo é o rastro que ficou das aves,
E nunca acordo deste sonho e nunca durmo."


"Pirata", poema de Sophia de de Mello Breyner Andressen

2 comentários:

Memória transparente disse...

Imensa, Sophia.

lupuscanissignatus disse...

Olá Mir!

Ela é a própria maresia...

Bom fim de semana.