As águas levam carícias e lavam mágoas...

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"A cavalo do vento
a chuva chegou
A chuva chegou
e o ossobó cantou.

Cantou o ossobó
seu canto molhado.
«Tchuva já vêo?
Já vêo si siô»

Já veio a chuva, Dêçu mum
e é um estoirar de amor pelas grotas
Té o ribeirão seco como mulher vazia
se abriu gostosamente ao ribeirinho entumescente.

As águas levam carícias de mãos.

Sob a folhagem amodorra a cobra preta
enquanto o potro e o menino do engenho
brincam e correm no terreiro os corpos molhados
do canto bonito do ossobó.

Já vêo a chuva?
Já vêo si siô.
Não vêo não siô.
Ah! Já vêo que ossobó cantou!

A preta do meu amor pariu,
pariu, meu Deus!, porque o ossobó cantou!"

"O Ossobó Cantou", poema de Francisco José Tenreiro, in "Obra Poética"

http://www.instituto-camoes.pt/encarte/encarte46g.htm



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