Gritar contra os muros que há na Terra...

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"São meus filhos. Gerei-os no meu ventre.
Via-os chegar, às tardes, comovidos,
nupciais e trementes
do enlace da Vida com os sentidos.

Estiveram no meu colo, sonolentos.
Contei-lhes muitas lendas e poemas.
Às vezes, perguntavam por algemas.
Respondia-lhes: mar, astros e ventos.

Alguns, os mais ousados, os mais loucos,
desejavam a luta, o caos, a guerra.
Outros sonhavam e acordavam roucos
de gritar contra os muros que há na Terra.

São meus filhos. Gerei-os no meu ventre.
Nove meses de esperança, lua a lua.

Grandes barcos os levam, lentamente..."

"Guerra", poema de Natércia Freite, in "Liberta em Pedra"

2 comentários:

Maria Azenha disse...

Obrigada.
Tocou-me bem fundo este poema da Natércia.


"Estiveram no meu colo, sonolentos.
Contei-lhes muitas lendas e poemas."

bom fim de semana para ti.


***maat

lupuscanissignatus disse...

Olá Maat!

Concordo contigo. Este poema da Natércia Freire é uma pérola - tem tanto de tocante como de intimista...

Obrigado. Bom fim de semana.

Vítor