O rumor do sangue



Os braços
do fulgor
estendem
as suas
pétalas
pelas crinas
da aurora

O rumor
selvagem
do sangue
fervilha
no frágil
corpo
do colibri

Gotículas
de seiva
desprendem-se
das áleas
e galopam
pelos interstícios
do tronco

em busca
das nervuras
onde possam
apaziguar
a sua sede

V. Solteiro, 31.05.07


4 comentários:

Memória transparente disse...

"Os braços do fulgor
estendem as suas pétalas
pelas crinas da aurora"

Bela imagem poética.

lupuscanissignatus disse...

Olá Maria Costa!

Creia que me inspirei no seu fabuloso post - Espelho de Água IX - para alinhavar estas palavrinhas...

O seu poema e a foto estão fantásticas.

Obrigado pelas palavras gentis e...pela inspiração.

Maria Azenha disse...

belas imagens pelo poema ...
"O rumor
selvagem
do sangue"(...)
Recebi de um amigo este endereço,que aflige ver,e com o texto que segue abaixo, de meu amigo, para a foto do pássaro.
Loucura humana.

http://noticias.uol.com.br/ultnot/album/070530_album.jhtm?abrefoto=4

"Faltam árvores para que os pássaros façam seus pousos e eles morrem
de exaustão."
Absurdo.


***maat

lupuscanissignatus disse...

Olá Maat!

Ás vezes, somos seres que pouco têm de humano.

A ânsia do lucro e do poder económico a qualquer preço, leva-nos a fechar os olhos ao que se passa à nossa volta.

Matamos e chacinamos a natureza com o mesmo deleite com que, logo de manhãzinha, vemos a cotação das bolsas em todo o mundo.

A natureza não vai aguentar-nos por muito mais tempo nesta espiral de consumo desenfreado...