A embriaguez das sombras...

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Envoltos
pelas áridas
avenidas
da solidão
os desabrigados
da civilização
estendem
o manto
do desencanto
e do infortúnio
sob as fachadas
de bruma


Pressentindo
outros vultos
rondando
as geométricas
esquinas
do gelo
eles aquecem

e esquecem
o seu franzino
corpo
nas labaredas
dos livros


É com a sua
inflamável
matéria
e sedento
volume
que eles
desfolham
as caves da
memória
e decifram
o brilho
do lume


Rodopiando
sob as suas
cabeças
as faúlhas
dos poetas
evolam-se
etéreas
acendendo
o ventre
da noite


Embriagados
de sono
e de sombras
há quem
nelas vislumbre
a face
das estrelas


Poema e fotografia de
V. Solteiro, 01.02.08


19 comentários:

Meg disse...

Estes...

(...)os desabrigados
da civilização
estendem
o manto
do desencanto
e do infortúnio
sob as fachadas
de bruma(...)

revelam a sociedade egoísta em que vivemos - ou sobrevivemos.

Gostei do poema, claro, embora triste, a meu ver.

Um abraço

Ana Pallito disse...

E se assim não fosse
Deles
Pouco ou nada
Restaria

Sublime!

Maria Azenha disse...

..."há quem
nelas vislumbre
a face
das estrelas"...

"as faúlhas
dos poetas
evolam-se
etéreas
acendendo
o ventre
da noite"...


poema da luz e das sombras...

***maat

Dalaila disse...

e nessa sombra caio nas palavras que escreves, embriago-me em cada letra e em cada emoção

susemad disse...

Gosto de sentir-me perseguida pela minha sombra!

ॐ Hanah ॐ disse...

"Embriagados
de sono
e de sombras
há quem
nelas vislumbre
a face
das estrelas"...

lindo....

ContorNUS disse...

Lindo
Lindo
Lindo

estou de adjectivos esgotados

icendul disse...

o deslize para dentro dos livros, onde há ecos que abrigam pela partilha humana.embora não respondam, se lhes perguntarmos o que seja.

um sulco de inspiração este poema!

Meg disse...

Vinha por novidades, mas deixo um abraço e votos de um bom fim de semana.
Um abraço

Jorge Castro (OrCa) disse...

Aplauso intenso!

Um dos melhores poemas com que terei deparado na blogosfera.

A intensa imagem poética que não ilude o entendimento da coisa dita.

Aplauso, outra vez!

lupuscanissignatus disse...

Olá Meg!

Obrigado pelas palavras.

Penumbra e claridade: assim é o reflexo do rio do quotidiano...

Abraço.

lupuscanissignatus disse...

Olá Ana!

Eles são um de nós...

Estrelas lendo o seu próprio rastro...

Obrigado.

lupuscanissignatus disse...

Olá Maat!

Porque a luz e a sombra, como a lua e o sol, faz parte intrínseca de nós...

lupuscanissignatus disse...

Olá Dalaila!

Que as palavras te ergam...

E nunca soçobrem...

Grato.

lupuscanissignatus disse...

Olá Tons de Azul!

Aqui, trata-se de olhar "o outro"...

"A sombra do outro"...


P.S. Também gosto - como se pode comprovar na foto - de caçar a minha própria sombra; é uma espécie de jogo-da-escondida...:)

lupuscanissignatus disse...

Olá Hanah!

Sabe bem, cabeça-no-ar, falar com as estrelas...:)

Obrigado.

lupuscanissignatus disse...

Olá Conturnus!

E eu, de verbos e substantivos, seco!...
:)

Ainda assim, em condições de agradecer as tuas gentis palavras...

Obrigado.

lupuscanissignatus disse...

Olá Icendul!

Os livros são sempre um porto de abrigo. Antigo, é certo, mas por isso mesmo, reconfortante...

Tal e qual como a capa onde se esconde a face das estrelas...

Obrigado pelo sulco que as tuas gentis palavras deixaram na página...electrónica... :)

lupuscanissignatus disse...

Olá Orca!

Obrigado pelas simpáticas palavras.

Gosto de imagens. E da forma como elas, por vezes, iluminam o pensamento...

Pena que essa luz, em determinadas ocasiões, também tenda a ofuscá-lo...:)