Marítimo corpo





Rios de ternura
sulcam a pele
rugosa
da maré
em influxos
e refluxos
lentos e
frontais

Revolvem
o fundo do oceano
em meticulosas
e insondáveis
descobertas

Conchas búzios e corais
de belas e estranhas
geometrias
afloram à superfície
em golfadas de respiração
suspensas pelo brilho
da aurora

Ao longe
o ardor
trémulo
do farol
fustiga
o temor

É ele que
em noites de tempestade
guia o salino corpo
pelo magma incandescente
da corrente dos afectos


©Vítor Calé Solteiro


6 comentários:

Luis Enrique disse...

"É ele que
em noites de tempestade
guia o salino corpo
pelo magma incandescente
da corrente dos afectos"

E, nesta corrente de afectos, num carinhoso abraço salino.

Excelente tua pintura poema, imagino o mar e teu barco.

lupuscanissignatus disse...

Obrigado pelas palavras carinhosas.

E pelo abraço cheio de maresia...

Paulo disse...

Sem "fustigar o temor", pois não é essa a minha motivação, cheguei a este blogue e logo verifiquei quão interessante é o seu conteudo.
Parabéns!
Abraço
Paulo

M.A. disse...

"É ele que
em noites de tempestade
guia o salino corpo
pelo magma incandescente
da corrente dos afectos", destaco
com um sopro leve de céu.
parabéns.


***maat

lupuscanissignatus disse...

Olá Paulo!

Obrigado pelo conteúdo e pela forma das suas palavras. Redondas e límpidas...

E pelo abraço sem temor...

lupuscanissignatus disse...

Olá Maat!

Obrigado pela sua delicada poesia de filigrana.

E pelas imagens vestidas de candura.

Esse sopro primaveril também se inspira na sua Luz do Poema!