"Nasceu.
Foi numa cama de folhelho
entre lençóis de estopa suja
num pardieiro velho.
Trinta horas depois a mãe pegou na enxada
e foi roçar nas bordas dos caminhos
manadas de ervas
para a ovelha triste.
E a criança ficou no pardieiro
só com o fumo negro das paredes
e o crepitar do fogo,
enroscada num cesto vindimeiro,
que não havia berço
naquela casa.
E ninguém conta a história do menino
que não teve
nem magos a adorá-lo,
nem vacas a aquecê-lo,
mas que há-de ter
muitos Reis da Judeia a persegui-lo;
que não terá coroas de espinhos
mas coroa de baionetas
postas até ao fundo
do seu corpo.
Ninguém há-de contar a história do menino.
Ninguém lhe vai chamar o Salvador do Mundo."
"Natal", poema de Álvaro Feijó, in "Os Poemas"
"In the fir's lap...", fotografia de Petri Volanen, in http://www.photoforum.ru/
4 comentários:
Mais um belo poema sobre o Natal...
Hoje passo só para desejar umas
FESTAS FELIZES E UM BOM ANO NOVO!
Um abraço
...at+e porque não há salvadores de mundos...
para mim é sempre relexivo este tempo, por isso gostei do poema.
***maat
Olá Meg!
Este poema de Álvaro Feijó é de uma acutilância intemporal. É o Natal visto sob uma outra perspectiva...
Feliz Natal! Que 2008 seja um tempo para a concretização de sonhos (de alguns, pelo menos!)
Abraço.
Olá Maat!
O mundo está repleto destes meninos/as que não ficam na história...
E, contudo, eles/as são a História...
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