vivo na cave do universo
a contar os buracos da lua
e as migalhas que caem
da mesa nua
os que por mim passam
fingem que não me vêem
vasculhando os restos
e o rasto das nuvens
vivo no estrume do subsolo
meio caminho escavado
entre as artérias da penúria
e o sangue da usura
os que a mim se chegam
com falas mansas e dentes como lanças
atiram-me que sou um fardo
um espinho cravado nos luminosos astros
ainda assim
eu ardo
dez palmos acima da insignificância
V. Solteiro
2 comentários:
Excelente poema...
"ainda assim
(...) ardo
dez palmos acima da insignificância".
afecto, ***
É um lindo poema....
Mas é forte.... achei meio triste, mas bonito...
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