[a]corda

Sem sombra de pudor
sonegam a ínfima luz que resta.
Enterram-na no mercado do estupro
e do estupor.
No alçapão dos espoliados
escondem um país que jaz.
Tecem loas ao vácuo
que faz vibrar
a corda dos desesperados.


Texto de V. Solteiro

Fotografia sem título de Irina Pidova

5 comentários:

Lídia Borges disse...

Aflitivo, como o momento e tão real que se lhe pode tocar...


Um beijo

Lobodomar disse...

Bom dia.

Excelente poema. Ao mesmo tempo, forte, verdadeiro e intrigante. Infelizmente, o mundo quase todo parece estar vivendo assim: louvando o inverso da virtude.

Parabéns, poeta.
Um abraço!

Graça disse...

[e parece que ninguém quer acordar...]

Tecer loas ao vácuo... é belo, apenas!


Beijo meu.

AnaMar (pseudónimo) disse...

e a dormência em torpor...

Belo, apesar de realmente triste.

Kézia Lôbo disse...

Um certo desespero intocável, mas que pode ser sentido intensamente...
muito bom! XD