"A minha filha perguntou-me
o que era para a vida inteira
e eu disse-lhe que era para sempre.
Naturalmente, menti,
mas também os conceitos de infinito
são diferentes: é que ela perguntou depois
o que era para sempre
e eu não podia falar-lhe em universos
paralelos, em conjunções e disjunções
de espaços e tempo,
nem sequer em morte.
A vida inteira é até morrer,
mas eu sabia ser inevitável a questão
seguinte: o que é morrer?
Por isso respondi que para sempre
era assim largo, abri muito os braços,
distraí-a com o jogo que ficara a meio.
(No fim do jogo todo,
disse-me que amanhã
queria estar comigo para a vida inteira)"
"Silogismos", poema de Ana Luísa Amaral
Fotografia sem título de Maxim Slugin, in http://www.photoforum.ru/
10 comentários:
é bom não se saber o que é para sempre!
beijinho
que ternura infinda, que rasga a alma...
***maat
Que belas palavras, me encantei ainda mais por não ter tido até então a oportunidade de ler esse poema "Para Sempre..."
abraço grande
porque o "para sempre" é sempre relativo...belas palavras estas
beijos
lindo...
límpido...
bjos
Olá Dalaila!
Sempre...
Beijinho.
Olá Mariah!
Uma ternura que se derrama nos olhos e nas mãos...
Fonte inesgotável...
Olá Vendaval!
Poesia escavada na rocha dos afectos...
Ana Luísa Amaral acaba de receber o Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores pelo seu livro de poesia "Entre dois rios e outras noites"...
Abraço transatlântico.
Olá Carla!
Palavras maternais...
Beijo.
Olá Hanah!
Poesia transparente...
Beijo.
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