"Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco
Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis
Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre
Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome
E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada
Meu canto se renova
E recomeço a busca
Dum país liberto
Duma vida limpa
E dum tempo justo"
"Esta Gente", poema de Sophia de Mello Breyner Andresen, in "Geografia"
"Smiling to a stony sea", fotografia de Silvia Marmori, in http://www.photoforum.ru/
14 comentários:
Parabéns pela qualidade das poesias escolhidas, pela beleza das fotos e pelas músicas que me fazem quase levitar... tenho alimentado um pouco a alma neste blog.
PAZ e LUZ
Que beleza- imagem, palavras.
esta gente somos todos nós.
Muito boa a imagem
beijinho
a sophia tinha realmente o condão de tudo escrever com simplicidade!
um grande beijinho.
arrasa dor ~
sensibilidade. a TUA.
abraço.
"fazer coisas simples exige uma boa dose de experiência. E, além disso, é preciso perceber que a simplicidade não é sinónimo de facilidade." Abbas Kiorastami
***maat
Olá Helen!
A levitar estou eu com tantos elogios e gentileza...:)
Agora com os pés assentes na terra - obrigado por essas palavras cheias de alma-luz!
PAZ!
Olá Hfm!
Sophia é um sopro vital...
Olá Dalaila!
Esta gente são aqueles que vivem á margem, na margem...
Como os dois milhões de portugueses que vivem com menos de 10 euros por dia...
Obrigado.
Beijinho.
Olá Alice!
...E pôr o dedo nas feridas
Beijinho.
Olá Pi!
Demoli dor
Olá Isabel!
A sensibilidade brota, límpida e inteira, da pena de Sophia de Mello Breyner.
A falta que ela nos faz...
Abraço.
Olá Mariah!
A simplicidade, tal como a humildade, requerem uma dose certa.
Usá-las a preceito é sinal de sapiência.
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