Quando vier a Primavera...



"Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.]
A realidade não precisa de mim.


Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.]


Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.]
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?]
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.]
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.


Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.]
O que for, quando for, é que será o que é."



"Quando vier a Primavera", poema de Alberto Caeiro
"Spring is coming", fotografia de Chandru Shahani, in http://www.photoforum.ru/



15 comentários:

Maria Azenha disse...

Alberto Caeiro/ Fernando Pessoa-a prova irrefutável que podemos ser muitos sem sermos esquizo.

Que Mestre, este Caeiro!


Obrigada.


***maat

Marinha de Allegue disse...

Excelente estación chea de cor e cambios de ritmos...

Apertas primaverais.

António de Ramalho Rijo disse...

Junte-se ao luto nacional em

http://malhorijo.blogspot.com/

Saudações Rijas

Dalaila disse...

O Caeiro e a sua primavera, ele escreve como as flores nmascem depois do inverno

beijinho

Meg disse...

Mais uma vez Caeiro, a natureza e a morte...

Um abraço

ॐ Hanah ॐ disse...

Um poema de entrega absoluta...

lindo arco-iris de primaveras...

boa semana para ti...

bjos de arco-iris

icendul disse...

ao redor da nossa respiração, o universo conspira por si e para todos nós:)

icendul disse...

p.s. será possível mandar-te um mail? se quiseres disponibilizar as tuas coordenadas, envia-as para a minha caixa: porosgerencia@gmail.com:)

lupuscanissignatus disse...

Olá Maat!

Não tens de quê...

A poesia de Caeiro é fundamental para nos pensarmos e pensarmos o mundo...

Já cá fazia falta...

lupuscanissignatus disse...

Olá Marinha!

Cor, ritmo, mudança - palavras-chave para as estações e os apeadeiros que compõem a linha ferro-primaveril-outonal da vida...:)

Abraço florido.

lupuscanissignatus disse...

Olá António!

Bem-vindo...

O luto não condiz nada com a Primavera...

Saudações.

lupuscanissignatus disse...

Olá Dalaila!

Poesia que nos aquece e entontece mesmo no inverno mais gélido...

Beijinho.

lupuscanissignatus disse...

Olá Meg!

Imprescindível lê-lo e relê-lo...

Para nos conhecermos melhor...

Abraço.

lupuscanissignatus disse...

Olá Hanah!

Um poema absoluto, tal e qual como a vida deve ser...

Obrigado.

Continuação de uma óptima semana.

Beijo.

lupuscanissignatus disse...

Olá Icendul!

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