
"Pai, dizem-me que ainda te chamo, às vezes, durante]
o sono - a ausência não te apaga como a bruma
sossega, ao entardecer, o gume das esquinas. Há nos]
meus sonhos um território suspenso de toda a dor,
um país de verão aonde não chegam as guinadas da
morte e todas as conchas da praia trazem pérola. Aí
nos encontramos, para dizermos um ao outro aquilo]
que pensámos ter, afinal, a vida toda para dizer; aí te]
chamo, quando a luz me cega na lâmina do mar, com]
lábios que se movem como serpentes, mas sem nenhum]
ruído que envenene as palavras: pai, pai. Contam-me]
depois que é deste lado da noite que me ouvem gritar]
e que por isso me libertam bruscamente do cativeiro]
escuro desse sonho. Não sabem
que o pesadelo é a vida onde já não posso dizer o teu]
nome - porque a memória é uma fogueira dentro
das mãos e tu onde estás também não me respondes.]"
[Pai, dizem-me que ainda te chamo, às vezes, durante], poema de Maria do Rosário Pedreira
"In the hand of the father", fotografia de Thomas Joachim Muus Stensballe, in http://www.photoforum.ru/
6 comentários:
Os poema tem passagens muito interessantes.
Bom fim de semana
Caro Lupus
Poema difícil de comentar, pelo menos para mim, que o SINTO muito.
E as palavras atrapalham
Um abraço
"... Há nos]
meus sonhos um território suspenso de toda a dor,
um país de verão aonde não chegam as guinadas da
morte e todas as conchas da praia trazem pérola..."
Dia do pai feliz.
Estás convidado em:
http://cadernodecorda.blogspot.com/2008/03/29-de-maro-18-horas-apresentao-do.html
Um abraço fraterno, Vítor
sim total ao poema...
***maat
Pai em todo o poema dentro e fora.
Boa semana
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