Um homem quebra o espelho do medo.
Com a determinação do quartzo, ele move
uma cadeira de rodas pelo pulso do futuro.
Quebrado, mas não rendido, o seu corpo
é um turbilhão sem centro nem periferia.
Surdo à lava do ruído, cego ao mármore do olhar,
o homem é um géiser imparável.
Dentro de si vagas explodem contra o paredão do desamparo.
Prende-o o cinto do pensamento, o movimento erecto e centrípeto da combustão.
Plena. Pura.
Terra, vísceras e fogo, tudo se interpenetra com
o gélido sangue da realidade.
Alheia aos estilhaços, uma mulher, mãos enlaçadas
com a tristeza do asfalto.
Pela berma da tarde, os dois, rostos fechados,
Terra, vísceras e fogo, tudo se interpenetra com
o gélido sangue da realidade.
Alheia aos estilhaços, uma mulher, mãos enlaçadas
com a tristeza do asfalto.
Pela berma da tarde, os dois, rostos fechados,
são uma máquina ofegante devorando o declive do infortúnio.
V.Solteiro
V.Solteiro
4 comentários:
Um poema muito forte. Que me deixou a pensar.
A vida feita de pedaços que exigem determinação e esperança...Há um homem a quebrar os espelhos do medo e uma mulher alheia aos estilhaços... Muito belo, apesar de tanta, tanta melancolia.
Um beijo.
existência e resistência na dureza do que se quebra e se firma...
Poema forte, Vítor!
Um abraço,
Jefferson
Por vezes, o pulsar do sangue não é contido pelas veias e, transbordante, faz-se Poema.
Um beijo
Feliz Ano Novo!
O nosso caminho é feito pelos nossos próprios passos… Mas a beleza da caminhada depende dos que vão conosco!
Assim, neste novo ano que se inicia possamos caminhar mais e mais juntos… Em busca de um mundo melhor, cheio de paz, saúde, compreensão e muito amor...
Beijos
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