Sal.va.guarda...





















Recolectora de brumas
e búzios
a gaivota
debica no areal
os resquícios
da civilização


Rude mareante
de plumas de crude
engalanada
no seu aquilino peito
ferve o sal
da delação


Cristalizada pelo halo
do vento norte
o grito que amordaça
escava na duna
um refúgio
para a solidão



Poema e fotografia
de V. Solteiro

17 comentários:

Lídia Borges disse...

Um grito com sabores amargos:sal e solidão.

Um beijo

_Sentido!... disse...

... sim, amargo demais o grito amordaçado.

Beijo.

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

Forte e sem contemplações, perfeito e sem hesitações ...
A si , mon coup de chapeau !
__________ JRMARTO

João de Sousa Teixeira disse...

Naquele dia o velho búzio
emergiu do oceano
desenhando círculos no espelho da água
e a praia cobriu-se
duma espessa e incorruptível bruma

naquele dia o velho búzio
não era mais que uma crisálida de névoa
em vésperas de música

“Alegria Incompleta”, Vega 1989

Abraço
João

Gabriela Rocha Martins disse...

como a gaivota ,um grito//água


amordaçado
( o sal como tempero de alma )



.
um beijo

Sight disse...

Pessoalmente não gosto de gaivotas...são cínicas. São belas mas extremamente agressivas... vasculham as lixeiras como os ratos.

Contudo reconheço a força das suas palavras que dão abrigo à ave marinha magestosa.

Foto e texto impecáveis!

Graça disse...

sempre um prazer ler-te


beijo

Graça disse...

Lindo... [talvez seja pouco, mas não me ocorre outra palavra]


Um bom fim de semana.

maré disse...

encolher a vida num traço de sombras

esconder a agonia

da luz do azul


_____

beijos

carlos pedro disse...

É fascinante a forma que escolhes para nos falar da natureza..
Abraço amigo

. intemporal . disse...

. da

solidão

de um sílabar a tantas vozes

.

um abraço .

TERE disse...

"Cristalizada pelo halo
do vento norte
o grito que amordaça
escava na duna
um refúgio
para a solidão"

Cada um se refugia conforme pode quando o grito nao tem eco e a solidão continua cada vez mais só.

Bjs

Unknown disse...

imensamente lindo e sereno seu blog. não consegui parar de lê-lo...

parabéns!! tira-nos da mesmice!!

am abraço.

rubenita, do Brasil

antonior disse...

De facto, gaivotas são tudo isso e mais à volta, mas curioso é, de tal forma evocarem uma tão grande liberdade, carregada de melancolia...e, no seu grito qualquer coisa parecer não corresponder à presença e ao acto de planar, talvez ao picar para "arrancar" o peixe às águas.

AnaMar (pseudónimo) disse...

E eu que não gosto de gaivotas (Têm um olhar que ão me agrada) adorei este poema. com uma fotografia belíssima.

maré disse...

arquitecto

na maestria

das sílabas

_____

salgado o olhar

Jefferson Bessa disse...

Imagens precisas. Linda a força do seu poema. Um abraço.
Jefferson.