A teia...


translúcidos filamentos prateados jazem incandescentes no chão bordado a cantaria. pés vorazes, calçados de monocórdico frenesim, movem-se pelo lodo com os dentes cerrados de desvario. Um halo de crua e silenciosa tensão emana do asfalto. vergados pelo tépido ecossistema, os corpos contraem-se numa estagnação de lago. herméticos, os rostos laboriosamente constroem as suas próprias fortalezas. derrete-se a pele em ânsias de amanhã. de frágeis e longilíneos elos se urde a nossa trama.


V. Solteiro, 08.07.08


"Rising through a web", fotografia de Alexandr Krotkov, in www.photoforum.ru/

4 comentários:

Maria Azenha disse...

"jazem incandescentes no chão bordado a cantaria
translúcidos filamentos prateados"

"os corpos contraem-se numa estagnação de lago"

herméticos, os rostos laboriosamente constroem as ... próprias fortalezas"

"de frágeis e longilíneos elos se urde a nossa trama"


...imagens de que gosto muitíssimo...


***maat

Anónimo disse...

uma teia de palavras que, relidas, adensam outros significados. beijo.

Dalaila disse...

enrredaste-me completamente

icendul disse...

"herméticos, os rostos laboriosamente constroem as suas próprias fortalezas."

as máscaras que nos comem a cara para se tornarem molde de cara.