Devagarinho, a vida ilumina-se...


"Gosto de viver devagar. De saborear o tempo, o fluir vagaroso do tempo nas pequenas coisas, nos pequenos gestos. Houve uma altura da minha vida em que não punha sequer data nas cartas, nos textos que escrevia, como se ele não existisse. Aliás, a época do ter, ter pressa, ter bens, ter poder, vai passar. Tudo cansa. As pessoas vão querer outras coisas, outros valores, vão recuperar o ser. Está a surgir uma espécie de fome do solidário, do espiritual, do humano, do afectivo. As pessoas não aguentam o vazio. O vazio fá-las sentir pobres. Há muita pobreza e muito exibicionismo de riqueza à nossa volta, muita barraca, muito pediente, muito abandonado."


Matilde Rosa Araújo, escritora


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