Vive-se um excessivo conforto pantanal


"Se por um lado é bom que os escritores tenham perdido o discurso panfletário preconceituoso, alguns dos novos pecam por defeito: não parecem ter ideias ou um pensamento à volta daquilo que fazem. A obra em si não tem que ser político-ideológica. Mas acho importante que os criadores tenham um discurso e levantem questões sobre o seu país. Vive-se num excessivo conforto pantanal, que é um desconforto para quem cria. Numa altura de crise deveria haver movimentos mais explícitos de agitação, mas está tudo cinzentão, quieto. Passada a discussão ideológica da revolução, entrou-se num período de chatice, suspensão, parêntesis, demasiado pobre. Falta-nos descobrir qual é o outro patamar."


Jacinto Lucas Pires, escritor, realizador e músico, in Jornal de Letras, 15-28.03.2006

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