Deslumbramento...



(Neruda que me perdoe, se tiver por onde...)

N
é letra
maiúscula
e erecta

N
são dedos
que percorrem
o frágil
e minúsculo
corpo
da poesia

N
é o abecedário
inteiro
gravado
a fogo
no teu peito

N é a geometria
do indizível

Soletro
cada
vocábulo
com o deleite
de quem sorve
as graínhas
do maracujá

Depois atiro
as sementes
para a terra
com a secreta
esperança
de que voltem
a germinar

vestidas de
deslumbramento

V. Solteiro, 04.05.07

3 comentários:

Maria Azenha disse...

Esplendor, é o que é este poema.
Deu-me Alegria.

Muita.

Fica na Poesia !


***maat

Maria Azenha disse...

...lembrei-me que em 2004 escrevi este poema dedicado a Pablo Neruda...
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o mar trouxe-me
em frascos transparentes
vinte poemas de amor
e uma canção desesperada

trago-os comigo
beijo-os comigo
pergunto-os comigo


assim será até ao fim do mundo


***maat

lupuscanissignatus disse...

Fico embevecido com os frutos das tuas palavras, vestidas de alegria e de carinho, que pendem maduros da árvore da poesia...

Obrigado, Maat.