As ondas nunca se querem letárgicas...



(um post dedicado ao Amigo açoriano que não gosta de mar manso ou águas tépidas)



"Poente de esmeralda; um suave letargo
invade as águas, que suspiram frouxamente.
Eleva-se em minh' alma, à vista do mar largo,
a nostalgia indefinida do Ausente.

O Ausente! Canaã remota e suspirada
que azuleja não sei que mágica poesia...
Como se esfumam ante o olhar da Fantasia,
muito ao longe, jardins, castelos de balada!

Lenta, fana-se a luz no ar imaculado;
é um Saará de estanho o mar paralisado.
E enquanto, longamente, as vistas se sepultam

na imensidade azul, funda como um segredo,
onde povos, nações, ao nosso olhar se ocultam,
chora, órfã do Além, a alma no degredo..."



"Mar Largo", de Roberto de Mesquita (Santa Cruz, Flores, 1871-1923), in "O Faialense", Horta, 23 de Junho de 1901

4 comentários:

Memória transparente disse...

Um poeta esquecido, ou mais um poeta esquecido.

Bem haja por o lembrar.

lupuscanissignatus disse...

Gosto de cultivar a memória.

Como planta frágil que é.

Até porque a minha é muito fraquinha...

Maria Azenha disse...

Não conhecia este poeta, e agora fará parte da minha biblioteca afectiva,...procurarei conhecê-lo,

Obrigada,

***maat

lupuscanissignatus disse...

Vale a pena, qual mineiro, procurar na Terra as pedras preciosas da poesia...

Elas são de um valor não mensurável...