Abraço



Existo
porque
insisto
no que
é invisível
e incomunicável

Nas coisas
irrealizáveis
e utópicas
por exemplo
na inconcebível
textura das asas

Existo
porque
persisto
em crer
que a esperança
não é vã

Existo
porque
resisto
ao inverno
que se
desprende
dos ramos
e às folhas
que se colam
à pele

Existo
porque
teimo
em não
despir-me
de ser
árvore

Existo
porque
sei que sou
e para onde vou

Um náufrago
resgatado
às correntes
pelo teu
longilíneo

abraço



V. Solteiro, 02.05.07

4 comentários:

Unknown disse...

E como eu gosto desse teu abraço...
E como eu gosto dessa tua ternura...
E como eu gosto do conforto e confiança que transmites...
E como eu gosto da tua folhagem, frondosa e perfumada...
E como amo a tua forma de arquitectar as palavras

lupuscanissignatus disse...

Ui...

Fiquei sem jeito e sem engenho. A roldana que dá corda ao coração parou. Bloqueou. Momentaneamente, claro.

O melhor mesmo é esconder-me no jardim e, quando o rubor das flores desaparecer, procurar-te...

Não é difícil. Basta seguir o seu perfume...

Maria Azenha disse...

tão terno...

adorei o poema e a imagem, que convoca sentimentos de fraternidade e amor.

lupuscanissignatus disse...

Olá Maat!

Fico feliz por teres gostado. É muito pessoal, mas não quis deixar de partilhá-lo com todos e todas que aqui pousam os olhos.

Porque a força de um verdadeiro e sentido abraço também é universal...

Abraço fraterno,

Vítor